terça-feira, 24 de maio de 2011

Silêncio

Aquela foi minha forma de protesto
diante de uma multidão
de palavras,
evitando que a maioria se arrependesse.

Aquela foi minha forma de protesto
diante da propagação da cólera
diante da provação, dar a outra face à bater
evitando ceder ao demônio o que ele come.

Aquela foi minha forma de protesto
minha arma
e por sinal muito bem munida
a mesma arma
que usaram muitos santos.

Hoje eu não quis ter filhos com você.



Hoje eu não quis ter filhos com você.
Aquelas crianças que fecundavam na minha mente...


Hoje eu não quis ter filhos com você
e a cada aborto do nosso futuro
é uma dor maior que eu sinto.


À primeira vista
conceber um filho seu, a cada dia
enchia meus olhos de alegria.


Mas hoje eu não quis ter filhos com você
E a cada soco na barriga
é uma dor maior que eu sinto.

Pequeno registro da tarde de 16 de maio de 2011

E a chuva chegou
tão abençoada
que quando cessou
choveu de passarinho no meu quintal
Até coruja veio
tão à vontade
descansar na bananeira
ignorando minha presença
esbanjando mansidão.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Eu aceitei a Saudade

Eu tenho sua voz guardada
pra quando eu quiser escutar
Eu tenho sua camisa amassada
pra quando eu quiser me esquentar
O macio dos teus cabelos ainda sinto nas minhas mãos
Uso suas cores numa tira pequenina
pra fazer viver o meu quarto
Pra combinar com um quadro de tinta à óleo
que não deu tempo de te dar
Que acabou ficando aqui
Como todas as suas coisas
Aquelas nossas coisas
as mais bonitas para mim.

Eu aceitei a saudade.
E não o desespero.

[Acho que não preciso de imagens. Esse texto é uma fotografia para mim.]

Mesmo é mesmo, pronto e acabou.




Mesmo nós.
Mesmo assim acho que não vou tirar-nos daqui.
Os singelos fragmentos desta releitura são muito significantes para que cometesse tal indelicadeza.


E eu te seguro no meu coração.
Seguro o que ainda tenho e porque quero.
Porque sei que seguro eu não te fazia sentir no meu coração.

domingo, 15 de maio de 2011

Pra Teu Corpo Santo


Eu coloquei meu pano branco
meu pano branco de vestir
pra você pisar
secar seus pés
aparar cada gota energizada
de teu corpo santo
que ao sair do banho
parecia ser só luz.

Hoje é domingo, 15 de maio.

Em certas horas eu penso,
até quero,
sofrendo, chego até a tentar...

Tentar roubar-lhe todo o meu coração, tempo e apego.

Hoje é domingo, 15 de maio
um ladrão pode entrar em sua casa
e sem que perceba
fazer o bom serviço de levar-lhe os melhores bens.