sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Segunda, 13 de setembro de 2010.

Hoje estou muito bem, obrigada.
Me sinto limpa.
      Idealismo,
      Honestidade.
      Auto-valorização.
São sais de banho maravilhosos...

Estou amando como nunca as flores...

Ao mesmo tempo que devaneio
pego-me pensando se seria bom continuar trabalhando lá por dinheiro...
Só por dinheiro.
Enquanto eu não acho a resposta, continuo indo.

Sou de vestir a camisa vermelha.
Sou de abraçar causas.
Mas a cada dia que se passa
fico mais indiferente.
Indiferente porque eu quero. (Na verdade estou experimentando ser esta palavra...)

É porque você me dá nojo.
                                 NOJO.

Cala a boa.
Toma um banho pra tirar o cheiro desse perfume ridículo que só meretrizes gostam e some daqui.
Ninguém te suporta.

Você me dá nojo.
                   NOJO.

Vento


O vento sabe
Levou sem dó meu sentimento
Concretou com cimento
Um pobre coração em dúvida.

Vento...
O vento que chegou embalando
minhas palavras aos seus ouvidos,
meus braços aos seus ombros,
meus cabelos, todo ensejo
é o mesmo vento
que ventou me enganando
sobre um velho desejo...

Vento...
Vai vento, volta... Pode voltar...
Minha briga com você ja acabou
Sem culpa eu não amo mais
aquele que demais me amou

Vem vento
Vem sem pudor
Quem sabe do mesmo jeito que você levou
Você não me traz um outro amor?

Não Sei.



Fiquei vazia de repente...
Tão sem nada a dizer
que fui arrumar o quarto
sem reclamar
a bagunça que o outro fez.

Fiquei vazia de repente...

Sem reação, em estranha paz.
Sem pansar em fogo
        Apenas um incenso.
Fiquei assim, parada, de pés juntos, boba.
Sem nem sentir saudade.

Fiquei vazia de repente
Acho que falei tanto que esvaziei.
       Eu? Esvaziando?
       Confesso que só agora tive medo...

Lembro sim, claro.
Mas apenas lembro.
Lembro sem absorver aquele buraco horroroso
que o tal sequestro havia deixado.

É. O levaram sem nem pedir recompensa.
Calados, sem nem ameaça.

Fiquei vazia de repente.
De repente como sua partida.
Mas nem a falta,
nem o costume,
nem os pesares,
nem o sumiço atrevem-se a tirar-me o sossego.

Estranho o vento o ter levado assim,
Tão subtamente de mim!
(Neste momento pergunto "por que?")

Fiquei vazia de repente.
      Sem dor,
      Sem entusiasmo,
      Sem agonia,
      Sem nada que me mova.

[ . ]

Mas quero algo que me absinte
Alguma coisa marcante,
                     intensa,
                     saborosa...

Que queira ficar
Que se descubra aqui
Que se aconchegue...
Que sente,
       deite,
       durma...

Não.
Tenho medo de paixões.

Bocas, bares, até mesmo o rock n' roll...
Alheios olhares,
noites de agito não me satisfazem mais.
Que venha então o amor prometido,
que se vá o vazio
e que fique apenas a paz.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Comigo


Acho que agora queria você comigo
Mais devagar
Um pouco mais difícil
     Sua libido me inibe
     Não sou assim
     Mesmo sabendo muito de mim
    -o manual ainda está perdido-.

Acho que queria você aqui
Só pra vir deitar comigo...

     Passa sua perna aqui
     Acomode-se no meu pescoço
     Puxa o cobertor
     Faça-se nosso abrigo

Então vem
Vem respirar ao pé do meu ouvido
Sem dizer nada
Esquece o cigarro,
fica tranquilo
só fica aqui comigo
comigo
meu amor.


Xadrez


Ah, como sinto-me bem dentro de seu xadrez...
O velho "abraço de flanela"
Fiel, como o leste
que da janela
todos os dias desperta o calor,
acolhe a chuva,
anuncia a Primavera

Ah, como sinto-me bem dentro de seu xadrez...
Tão dele, tão minha, tão bela!
Quadriculados
que aquecem meus braços
são na verdade
vários pedaços de pano, por anos
coletados,
pintados,
costurados
Que ao dormir remetem-me à palavras,
sons,
silêncio,
seus acordes mais tocados...

Descobertas, dúvidas, desembaraços...
Simplicidade que fita
nossos sutis lados em comum.

Laços macios de cetim
que nos mantem tão amarrados,
botões bem casados
presos com linha fina e nós bem dados
Assim, meio frouxos
Como o cadarço de nossos sapatos...

Sapatos...
Sapatos, à vontade pelos cantos da casa...
Sem cobrança
nem do Dono, nem do tempo
que de tão livres, tão livres,
preferiram ficar...

Dezembro de 2010

(mais precisamente em 27 de dezembro de 2010)

Talvez eu deva mesmo sentar e deixar as palavras à vontade.
Você me rendeu bons textos,
pensamentos,
quilos à menos
e até um pouco de sofrimento.

Enfim,
TORNOU MAIS FORTE MEU DESEJO DE UNIDADE,
me despertou a determinação,
me lembrou
que só a pureza toca mutavelmente
o coração alheio
e consegui até  equilibrar  educar minha mania de feminismo.

Como tudo isso é bom!

Melhor ainda
é não ter mais que viver
desesperadamente
a te procurar
deitada em teus próprios braços.



Um Grito em Maio

Preciso de uma aventura
Um toque numa noite diferente
Curtir uma rua deserta e nossas jaquetas
Matemática, trabalho, faculdade... Agora não...
Uma motocicleta, um colchão, filhos talvez...

Curtir uma rua deserta, nossas jaquetas
Os sons que embalam nossos corações
Mãos que se esquentam...
Matemática, trabalho, faculdade... Agora não.

[17/05/2010]