sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Não Sei.



Fiquei vazia de repente...
Tão sem nada a dizer
que fui arrumar o quarto
sem reclamar
a bagunça que o outro fez.

Fiquei vazia de repente...

Sem reação, em estranha paz.
Sem pansar em fogo
        Apenas um incenso.
Fiquei assim, parada, de pés juntos, boba.
Sem nem sentir saudade.

Fiquei vazia de repente
Acho que falei tanto que esvaziei.
       Eu? Esvaziando?
       Confesso que só agora tive medo...

Lembro sim, claro.
Mas apenas lembro.
Lembro sem absorver aquele buraco horroroso
que o tal sequestro havia deixado.

É. O levaram sem nem pedir recompensa.
Calados, sem nem ameaça.

Fiquei vazia de repente.
De repente como sua partida.
Mas nem a falta,
nem o costume,
nem os pesares,
nem o sumiço atrevem-se a tirar-me o sossego.

Estranho o vento o ter levado assim,
Tão subtamente de mim!
(Neste momento pergunto "por que?")

Fiquei vazia de repente.
      Sem dor,
      Sem entusiasmo,
      Sem agonia,
      Sem nada que me mova.

[ . ]

Mas quero algo que me absinte
Alguma coisa marcante,
                     intensa,
                     saborosa...

Que queira ficar
Que se descubra aqui
Que se aconchegue...
Que sente,
       deite,
       durma...

Não.
Tenho medo de paixões.

Bocas, bares, até mesmo o rock n' roll...
Alheios olhares,
noites de agito não me satisfazem mais.
Que venha então o amor prometido,
que se vá o vazio
e que fique apenas a paz.

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