quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Xadrez


Ah, como sinto-me bem dentro de seu xadrez...
O velho "abraço de flanela"
Fiel, como o leste
que da janela
todos os dias desperta o calor,
acolhe a chuva,
anuncia a Primavera

Ah, como sinto-me bem dentro de seu xadrez...
Tão dele, tão minha, tão bela!
Quadriculados
que aquecem meus braços
são na verdade
vários pedaços de pano, por anos
coletados,
pintados,
costurados
Que ao dormir remetem-me à palavras,
sons,
silêncio,
seus acordes mais tocados...

Descobertas, dúvidas, desembaraços...
Simplicidade que fita
nossos sutis lados em comum.

Laços macios de cetim
que nos mantem tão amarrados,
botões bem casados
presos com linha fina e nós bem dados
Assim, meio frouxos
Como o cadarço de nossos sapatos...

Sapatos...
Sapatos, à vontade pelos cantos da casa...
Sem cobrança
nem do Dono, nem do tempo
que de tão livres, tão livres,
preferiram ficar...

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